BRASIL-EUROPA
REFERENCIAL DE ANÁLISES CULTURAIS DE CONDUÇÃO MUSICOLÓGICA
EM CONTEXTOS, CONEXÕES, RELAÇÕES E PROCESSOS GLOBAIS
Antonio Alexandre Bispo
João Pedro Gomes Cardim, músico português que viveu e atuou no Brasil no século XIX, merece ser recordado em estudos histórico-culturais e musicológicos do II Império, atuais em ano marcado pelo bicentenário de Dom Pedro II em 2025.
Torna-se necessário e oportuno relembrar pesquisas e estudos que vêm sendo desenvolvidos desde a década de 1960 em São Paulo e que tiveram continuidade desde 1974/75 na Europa. Esses estudos inseriram-se em projeto brasileiro de desenvolvimento de uma musicologia de orientação segundo processos culturais em contextos globais discutido em Portugal em janeiro de 1974 e sediado a seguir no Instituto de Musicologia da Faculdade de Filosofia da Universidade de Colonia.
João Pedro Gomes Cardim, pela sua formação, vida e obra, assim como pela sua atuação e de seus descendentes, adquire especial significado para estudos de processos culturais de condução musicológica de Portugal e do Brasil. Esse seu significado foi reconhecido nos estudos luso-brasileiros, o que levou ao levantamento completo da sua obra em 1965/66 e a estudos realizados no Brasil e em Portugal nas últimas décadas. Teve descendentes que ocuparam posições de relêvo e exerceram influência duradoura na vida artística, musical e no ensino em São Paulo na primeira metade do século XX. Os estudos então iniciados não poderiam ter sido realizados sem o apoio de seus descendentes. Essa história da pesquisa não pode ser obscurecida pelas compilações que hoje se difundem.
A sua obra sacro-musical e as suas composições para orquestra foram tratadas em encontros e foram objeto de estudos e trabalhos acadêmicos, sendo desenvolvidos em cooperações com musicólogos portugueses. Um dos aspectos que têm merecido atenção nesses estudos diz respeito à sua atuação e obras no contexto da Guerra do Paraguai, um marco na história do Brasil que determinou desenvolvimentos que se seguiram e que não pode deixar de ser considerado com atenção nos estudos do século XIX em época na qual se comemora o bicentenário de D. Pedro II.
Nos estudos musicológicos luso-brasileiros, uma de suas obras que mereceu mais atenção na década de 1970 no Brasil, em Portugal e em cooperações com pesquisadores portugueses na Alemanha foi Os Argonautas. Para a abertura das comemorações do bicentenário de Dom Pedro II, surge como particularmente significativo recapitular estudos referentes à sua sinfonia intitulada Brasileira.
Os estudos biográficos de João Pedro Gomes Cardim iniciaram-se em 1965. Os seus resultados foram desde então considerados em trabalhos apresentados em cursos superiores da Faculdade de Música do Instituto Musical de São Paulo em 1973, compilados e aproveitados em publicações. A consideração contextualizada da formação e da vida de João Pedro Gomes Cardim teve continuidade em estudos realizados com a cooperação de musicólogos portugueses em Portugal. Desde 1974, promoveram-se viagens de estudos em cidades como Setúbal, Lisboa e Porto. Alguns dados e visões sinópticas de sua formação, vida e trajetória devem ser aqui recordados.
João Pedro Gomes Cardim nasceu em Setúbal, cidade portuária da Extremadura na península de mesmo nome ao sul de Lisboa, não muito distante da capital portuguesa. Seu pai, Antonio Pedro Gomes Cardim era piloto-mor da barra de Setúbal. Cresceu assim em ambiente marcado pela vida militar e marítima. O seu nome insere-se em cidade de importante tradição cultural e musical, terra de Bocage (1765-1805) e de nascimento de músicos, compositores e teóricos de extraordinário significado e renome, não só em Portugal.
Na região - Azeitão - nasceu Filipe de Magalhães (1571-1652), compositor de especial relêvo, representativo da Renascença portuguesa, da época designada como "de ouro" da polifonia vocal, também destacado teórico. Filipe de Magalhães foi um dos principais compositores portugueses considerados desde 1975 nos estudos luso-brasileiros desenvolvidos com pesquisadores portugueses dedicados a estudos da polifonia na Alemanha, neles salientando-se Armindo Borges (1933-2022). No Brasil, os estudos de Filipe de Magalhães tinham-se baseado sobretudo nos estudos sobre a música sacra em Portugal de Frei Pedro Sinzig OFM ("A Música Sacra em Portugal", Revista Música Sacra, Janeiro de 1952, 13-17, 16).
Os estudos histórico-musicais portugueses dos séculos XVIII e XIX de especial significado para a consideração da formação de João Pedro Gomes Cardim foram conduzidos em cooperações com Manuel Ivo Cruz (1901-1985). A sua atenção foi dirigida sobretudo a Luisa Todi (1753-1833), cantora de projeção internacional nascida em Setúbal e a Joaquim Silvestre Serrão (1801-1877), um dos principais representantes da música sacra em Portugal do século XIX.
Setúbal foi também a cidade de nascimento de Frederico Nascimento (1852-1924), filho de organista, violioncelista, compositor e teórico cuja trajetória de vida apresenta paralelos com a João Pedro Gomes Cardim. Também ele relacionou-se estreitamente no Brasil, visitando o país em concertos, a seguir estabelecendo-se no Rio Grande do Sul e posteriormente no Rio de Janeiro, onde se tornou professor do Instituto Nacional de Música e desempenhando, com as suas publicações e compêndios importante papel no ensino musical no Brasil. Os seus livros didáticos eram ainda empregados em cursos de solfejo e teoria musical em conservatórios de São Paulo na década de 1960.
A dedicação de Pedro Gomes Cardim à música sacra e que se manifesta na sua produção pode ser explicada pela sua formação e pelo fato da intenção de vir a ser sacerdote. Alcançou as ordens menores e atuou como professor de música no Seminário Patriarcal de Santarém. Vivenciou a prática sacro-musical de uma catedral que tinha sido a igreja de Nossa Senhora da Conceição do antigo colégio dos Jesuítas. Tendo obtido uma sólida formação em Setúbal e atuado como professor no Seminário, prosseguiu a sua formação musical com renomados professores do século XIX, como Joaquim Casimiro Júnior (1808-1862) e Francisco Santos Pinto (1815-1860).
Os seus estudos com Joaquim Casimiro Júnior o inserem numa tradição sacro-musical que dirige a atenção a desenvolvimentos remontantes à época de D. João VI (1767-1826). Os seus estudos com Francisco Santos Pinto, que atuou como maestro em teatros como o São Carlos e o Dona Maria e que fundou a Academia Melpomenense e a Associação de Música 24 de Junho, indicam que já na sua juventude teve o seu ínteresse despertado para o teatro, por questões de organização profissional e do ensino musical que se manifestaria nas suas atuações no Brasil.
Transferindo-se para o Brasil, atuou como tenor na Ópera Nacional do Rio de Janeiro. João Pedro Gomes Cardim pode ser assim considerado como uma relevante personalidade da história da música em relações luso-brasileiras dessa importante época da história da vida musical do II Império de meados do século XIX. A atenção deve ser porém sobretudo dirigida ao Rio Grande do Sul. Pedro Gomes Cardim transferiu-se para Porto Alegre, ali se fixando com casa de comércio. Os elos com círculos militares brasileiros que marcaram a sua vida e produção musical explicam-se pela presença de militares na família de sua esposa.
A primeira grande obra que marcou o seu nome no II Império foi criada e executada no contexto do conflto bélico com Uruguai. O cerco de Paysandu, iniciado em 3 de dezembro de 1864 pelo exércido brasileiro sob o comando de Joaquim Marques Lisboa, o Marquês de Tamandaré (1807-1897) e as forças uruguaias dos colorados motivaram a composição de Os Bravos de Paysandu. A obra, executada com grande concentração de músicos, com orquestra, bandas e instrumentos militares, cornetas e tambores com a presença da família imperial, foi compreensivelmente importante foco de atenção em estudos conduzidos no Brasil, em Portugal e na Alemanha.
Pedro Gomes Cardim vivenciou a vida militar por ocasião da Guerra do Paraguai. Como representante da casa comercial Salles de Porto Alegre, fornecedora do exército, esteve em acampamentos. No acampamento de Curuzu, atuou na instrução musical de soldados ali estacionados à época da Batalha de Curuzu, ocorrida de 1 a 3 de setembro de 1866. Vivenciou os trágicos surtos epidêmicos nos campos de guerra, em particular aquelas que se eternizaram nem livros do então engenheiro-militar Alfredo d’Escragnolle Taunay (1843-1899) como A Retirada da Laguna, Visões do Sertão ou Entre os Nossos Índios. Pedro Gomes Cardim foi autor do Te Deum em ação de graças pelo término de uma epidemia de cólera celebrado com a presença do Duque de Caxias (1803-1880).
Como estudado com Manuel Ivo Cruz, João Pedro Gomes Cardim não cortou os seus elos com a vida musical de Portugal. Atuou como maestro em concertos orquestrais de Lisboa, compôs Harpa de Deus, peça religiosa que documenta a sua espiritualidade mariana e a opereta Joana d’Arc. No Porto, compôs outras operetas, entre elas a mencionada obra Os Argonautas, considerada em várias ocasiões, na Alemanha e no Brasil. De volta ao Brasil, compôs a música para a revista O Bilontra, de Artur Azevedo (1855-1908).
Em São Paulo, exerceu intensas atividades na música da Sé e de outras igrejas da cidade, tonando-se personalidade significativa na vida sacro-musical de fins do século XIX e início do XX. O seu filho Pedro Augusto Gomes Cardim (1865-1932), também com formação musical, estudou na Faculdade de Direito, destacando-se na vida acadêmica e intelectual. Compôs a Valsa Academica dedicado à faculdade do largo de São Francisco, considerado quando da oficialização do movimento Nova Difusão como sociedade em 1968. Carlos Alberto Gomes Cardim (1875-1938), professor da Escola Normal de São Paulo, esteve sempre presente nos estudos voltados à história do Canto Orfeônico no Conservatório Paulista de Canto Orfeônico instalado no Instituto Musical de São Paulo.
A atenção a João Pedro Gomes Cardim foi despertada na primeira metade da década de 1960. Os estudos foram marcados pelo fato de conservatórios paulistas estarem subordinandos ao Serviço de Fiscalização Artística do Estado de São Paulo, no qual membros da família Gomes Cardim exerciam posições de influência e liderança. João Sepe, Fausta Sermarini, Estefania Araújo foram alguns dos professores do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo que possibilitaram e acompanharam os estudos dos acervos do conservatório. Os trabalhos tiveram prosseguimento com a colaboração de inspetores e fiscais do Govêrno em conservatórios, assim como com professores de História da Música e Folclore, entre eles Antonio Caldeira Filho, Aníbal da Fonseca, Rossini Tavares de Lima e Dirce Santiago Albernaz.
Essas consultas do arquivo do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo constituíram importante tarefa do Centro de Pesquisas em Musicologia do movimento Nova Difusão. O conteúdo do acervo, então registrado, e as obras fotografadas constituíram ponto de partida de estudos de cursos de História da Música do Conservatório Jardim América, no qual o Centro de Pesquisas em Musicologia teve a sua sede até 1974.
Resultados desses estudos e o significado do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo para os estudos musicológicos de orientação interdisciplinar foram tematizados em sessão realizada no Salão Gomes Cardim no âmbito do Festival de Outono de São Paulo promovido pelo movimento Nova Difusão com o apoio do Departamento de Cultura do Município de São Paulo em 1970. Em nível superior, João Pedro Gomes Cardim e outros membros de sua família, em particular o Dr. Pedro Gomes Cardim, foram considerados no curso Música na Evolução Urbana de São Paulo na Faculdade de Música e Educação Musical do Instituto Musical de São Paulo a partir de 1972.
João Pedro Gomes Cardim foi um dos músicos e compositores considerados no programa do primeiro ciclo musicológico luso-brasileiro desenvolvido em Portugal em janeiro de 1974. O ciclo foi empreendido pela Faculdade de Música e Educação Musical/Artística do Instituto Musical de São Paulo e realizado com o apoio de instituições portuguesas e brasileiras. Teve como objetivos atualizar conhecimentos, realizar estudos de fontes, intensificar elos e lançar bases para cooperações e observar desenvolvimentos em época crucial para Portugal devido aos conflitos na África. As reflexões então encetadas e os estudos então realizados tiveram continuidade a seguir na Alemanha no âmbito de projeto brasileiro de desenvolvimento de uma musicologia orientada segundo processos em contextos globais. João Pedro Gomes Cardim foi uma das personalidades lembradas em encontro realizado no Conservatório do Porto.
João Pedro Gomes Cardim, até então praticamente desconhecido nos estudos histórico-musicais, despertou a atenção de pesquisadores voltados a estudos culturais e musicais de Portugal e ao Brasil. O projeto, sediado na Universidade de Colonia, pôde contar com a cooperação de musicólogos portugueses que ali desenvolviam estudos, assim como com pesquisadores do Instituto Português-Brasileiro da universidade, um dos mais antigos da Europa. No Instituto de Musicologia realizava trabalhos de pós-doutorado a musicóloga portuguesa Maria Augusta Alves Barbosa (1912-2012), professora de História da Música do Conservatório Nacional de Lisboa.
Maria Augusta Alves Barboss desempenhou a seguir papel importante na criação do Departamento de Ciências Musicais da Universidade Nova de Lisboa e em cursos de mestrado na Universidade de Coimbra. Armindo Borges, dedicando-se sobretudo à música sacra e aos polifonistas portugueses, seria um dos fundadores e membros da diretoria do Instituto de Estudos da Cultura Musical do Mundo de Língua Portuguesa (ISMPS), oficializado no Ano Europeu da Música de 1985.
Os estudos luso-brasileiros de João Pedro Gomes Cardim despertaram interesse de musicólogos alemães desde o início do programa de desenvolvimento de uma musicologia orientada segundo processos em contextos globais em 1974/75. O século XIX na América Latina era tema de obra em andamento no departamento de Etnomusicologia, nele atuando vários pesquisadores latino-americanos. A revisão de visões e valorações de desenvolvimentos e movimentos desse século da Restauração, em particular no refente à música sacra surgia como exigência de premente atualidade perante as mudanças litúrgico-musicais desencadeadas pelo Concílio Vaticano II.
A consideração mais diferenciada do século XIX, sobretudo de nomes, obras e práticas caídas no esquecimento foi tema dos Dias da Música de Kassel em 1976 (Kasseler Musiktage). João Pedro Gomes Cardim foi uma dessas personalidades pouco conhecidas ou esquecidas, cuja lembrança dirigia a atenção para as dimensões transcontinentais da problemática historiográfica e da necessidade do seu tratamento interdisciplinar segundo processos culturais.
Entre outros aspectos, as várias ladainhas de João Gomes Cardim foram consideradas no contexto de projeto de mais amplas dimensões dedicado ao estudo de ladainhas em contextos globais e cujo relato seria publicado posteriormente em 1983
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Entre as obras de João Pedro Gomes Cardim consideradas em estudos musicológicos no Brasil e na Europa, a sua sinfonia Brazileira tem merecido particular atenção. Foi tratada pela primeira vez em trabalho apresentado por Dirce Santiago Albernaz, inspetora do Estado e participante dos cursos Música na Evolução Urbana de São Paulo e Etnomusicologia da Faculdade de Música e Educação Artística do Instituto Musical de São Paulo em 1973. É uma das obras de maior envergadura do compositor de sua produção para grande orquestra. Marcou o início dos estudos da obra orquestral de João Pedro Gomes Cardim, desenvolvidos na Europa com a participação de pesquisadores que se dedicavam em especial à pesquisa da música sinfônica do século XIX.
O interesse despertado pela sinfonia nos estudos residiu no fato de ser denominada de Brazileira, sendo assim uma das primeiras composições assim qualificadas. Principal foco das reflexões foi o da justificativa dessa designação. Nas análises procurou-se constatar se o compositor fez referências a rítmos ou melodias tradicionais brasileiras ou ao hino nacional. Essa focalização de interesses marcou os estudos referentes a Gomes Cardim em seminários.
Várias de suas composições sacro-musicais foram comentadas em colóquios de professores e doutorandos realizados em 1978 e 1979 e que levaram à defesa de tese sobre a música sacra no Brasil à época do Império com especial consideração de São Paulo. Esses trabalhos motivaram, fundamentaram e possibilitaram a realização do I Simpósio Internacional Música Sacra e Cultura Brasileira em São Paulo em 1981.
Os exames das composições de Pedro Gomes Cardim foram desenvolvidos nas décadas que se seguiram no âmbito dos trabalhos do Instituto de Estudos da Cultura Musical do Mundo de Língua Portuguesa (ISMPS) com Manuel Ivo Cruz, regente do Teatro São Carlos de Lisboa e renomado pesquisador do século XIX em Portugal. Ponto alto nessas colaborações foi a realização do colóquio internacional Dimensões Européias da Música de Portugal por motivo da celebração do Porto como Capital Européia da Cultura em 2002, realizado em Colonia sob os auspícios da Embaixada de Portugal e com a participação de representantes de universidades alemãs, brasileiras e portuguesas.
A Brazileira é dedicada a amigos portugueses do compositor José Pedro d’Oliveira Gaia (1791-1861), originário de Vila Nova de Gaia, e a Domingos d’Oliveira Gaia (1839-1911), este já nascido no Rio Grande do Sul. A obra, embora não datada, foi escrita assim à morte de José Pedro d’Oliveira Gaia, ou seja, antes de 1861. Essas referências foram consideradas em encontros no Porto com o musicólogo Manuel Ivo Cruz, assim como no colóquio internacional "Dimensões Européias da Música de Portugal", Foram retomadas, nesse encontro, questões tratadas primeiramente no Porto no âmbito do primeiro ciclo luso- brasileiro de musicologia realizado em Portugal em 1974.
Às Aves, poesia de Dr. Pedro Augusto Gomes Cardim (1865-1932) ➢
Coema Piranga. 150 Anos de nascimento de Pedro Augusto Gomes Cardim ➢
"Ah! As ninfas cantam!". 150 Anos de nascimento de Pedro Augusto Gomes Cardim ➢
A Villa Kyrial e a Trialogia da Noite. Simbolismo nas relações do Brasil com a Europa ➢
Este texto é extraido da publicação
Antonio Alexandre Bispo. Pedro II 200 Anos. Música em estudos euro-brasileiros do século XIX. Gummersbach: Akademie Brasil-Europa & Institut für Studien der Musikkultur des portugiesischen Sprachraumes e.V.
416 páginas. Ilustrações. (Série Anais Brasil-Europa de Ciências Culturais)
Impressão e distribuição: tredition. Ahrensberg, 225.
ISBN 978-3-384-68111-9
O livro pode ser adquirido aqui