BRASIL-EUROPA
REFERENCIAL DE ANÁLISES CULTURAIS DE CONDUÇÃO MUSICOLÓGICA
EM CONTEXTOS, CONEXÕES, RELAÇÕES E PROCESSOS GLOBAIS
Antonio Alexandre Bispo
José Correa (Correia) da Silva, instrumentista, regente de música de banda e de coros de igreja, compositor de música sacra e de banda, organizador de festas religiosas, professor de música do Seminário Menor de Pirapora do Bom Jesus, foi um dos muitos músicos de modestas origens e condições sociais do século XIX e da primeira metade do século XX que foram considerados em estudos desenvolvidos desde a década de 1960 no Brasil.
Recordar alguns aspectos desses estudos surge como oportuno em época marcada pelo bicentenário de D. Pedro II, quando as atenções voltam-se novamente ao século XIX. José Correa da Silva surge como exemplo de músico descendente de família de diferentes etnias, caboclo, pobre, de trabalhadores rurais que, formado na prática musical de igrejas do interior e de bandas de música, foi amparado e marcado pelo ensino recebido de religiosos imbuídos de ideais e sacro-musicais restaurativos do culto, da visa sacerdotal e de normas morais eclesiásticas, tornando-se agente do movimento reformador e de intensificação religiosa da sociedade. A sua formação deu-se sob o pontificado de Leão XIII e da atenção a questões sociais que marcou os ensinamentos desse "papa dos trabalhadores", foi marcada porém a seguir pelo Motu Proprio de Pio X de 1903 e da legislação musical que o seguiu.
Proveniente e integrado em meio popular, conhecido simplesmente pelo apelido de Juca Bolinho, tornou-se importante intermediário entre esferas sociais e culturais, um veículo da difusão de repertórios, de práticas musicais e de ideários restaurativos em cidades do interior. Lembrá-lo contribui às análises da recepção em meios sociais mais humildes de trabalhadores rurais do movimento eclesiástico de reação perante desenvolvimentos secularizantes de uma sociedade que se transformava, do indiferentismo religioso do século que foi aquele da Restauração. José Corrrea da Silva é um exemplo do papel exercido nesse processo restaurativo e reativo ou reacionário por músicos de origens e condções modestas, provenientes de meios populares em si mais conservadores e obedientes à autoridade eclesiástica.
Significado para estudos sócio-culturais
José Correa da Silva formou-se e atuou em cidades do interior de São Paulo, em particular naquelas da região do Médio Tietê superior, tendo como principais centros de sua vida e atividades Jundiaí, Pirapora do Bom Jesus, Cabreúva e Santana do Parnaíba. Como professor de muitos músicos e seminaristas, a sua influência ultrapassou os limites dessa região. Instrumentistas e acerdotes que dele receberam formação musical atuaram em outras outras cidades do Estado, constituindo uma vasta rede de contatos pessoais e profissionais que possibilitou intercâmbios e difusão de repertórios.
José Correa da Silva foi não só respeitado pelas suas aptidões como um músico que tocava vários instrumentos e pelos seus conhecimentos teórico-musicais, como compositor de música de banda e para uso em igrejas, como também festejado como participante ativo na vida social e festiva de comunidades, como organizador e festeiro bem quisto pelas características de sua personalidade, pelo seu dinamismo, pela sua alegria contagiante, pela sua simplicidade e modéstia.
Foi um dos principais responsáveis pela música e pelas festividades da festa de Bom Jesus de Pirapora, uma das mais importantes expressões da vida religiosa de São Paulo, frequentada por romeiros de diferentes cidades e regiões do Estado. Conduzia não só execuções corais em missas e atos devocionais, como também coordenava a apresentação de músicos e folguedos em festas religiosas populares, como aqueles de congos e congadas, de batuques ou do que passou a ser conhecido de forma não inquestionável como "samba rural paulista".
Mantinha estreitas relações com bandas e corporações musicais de São Paulo, em particular com Veríssimo Augusto Gloria, presente com os seus músicos nas festas do Bom Jesus de Pirapora, assim como com Benedito Moraes, músico de Araçariguama, atuante em várias cidades e novas localidades no interior de São Paulo, estabelecido posteriormente em São Roque.
José Correa da Silva destacou-se sobretudo na esfera da música sacra pelas suas atividades no ensino musical de seminaristas no Seminário Menor da Arquidiocese de São Paulo de Pirapora do Bom Jesus.
Possuía a sua sala de estudos em anexo ao edifício do Seminário, onde conservava um acervo musical com grande número de obras e cópias manuscritas de músicos e compositores de épocas mais remotas da capital e do interior, do século XVIII e XIX, entre eles de Jesuíno do Monte Carmelo, Manuel Julião da Silva Ramos e Manuel Gomes. Empregava porém na prática sobretudo edições e cópias manuscritas de obras de música sacra representativas do movimento restaurativo eclesiástico de compositores europeus e brasileiros, em particular daquelas orientadas segundo as prescrições do Motu Proprio de Pio X (1903).
O acervo do Seminário de Pirapora do Bom Jesus que estava sob os seus cuidados abrigava neste sentido a mais importante coleção de edições e cópias de obras dos mais significativos representantes da música sacra das décadas pré-concilares da Europa e de religiosos e organistas brasileiros.
José Correa da Silva possuía um vasto conhecimento do repertório sacro-musical europeu, era familiarizado com os principais nomes e obras de compositores de igrejas e instituições eclesiásticas de Roma, representantes do Cecilianismo italiano nas suas relações com a tradição ceciliana alemã, assim como de outros centros europeus. Esses conhecimentos tinha adquirido no Seminário Central de São Paulo, com o qual mantinha estreitos contatos, assim como através de religiosos provenientes de vários países da Europa que atuavam no Seminário.
Elos com o Seminário Central da Arquidiocese de São Paulo
O ensino da música e a prática musical do Seminário Menor foram marcados pelos seus elos com o Seminário Central da Arquidiocese de São Paulo, cujo mentor foi Furio Franceschini (1880-1976), organista da catedral e compositor, principal representante da música sacra da primeira metade do século XX em São Paulo. José Correa da Silva executava obras de Franceschini, entre elas a sua Missa Alleluia. Aplicava em Pirapora práticas de execução de uso no Seminário Central como a do falso bordão e do organum. O canto gregoriano era cantado nas décadas que precederam o Concílio Vaticano II a várias vozes em conduções melódicas marcadas por paralelismo, em terças e sextas, o que levava a uma uma proximidade da prática sacro-musical à tradição popular.
José Correa da Silva procurou difundir concepções e práticas do Seminário Central na região, criando e dedicando obras para paróquias de cidades como Santana do Parnaíba, Cabreúva e Araçariguama, assim como aquelas mais distantes como Jundiaí ou Sorocaba. Com as suas participações nas romarias e festas do Bom Jesus, tornou-se um promotor do movimento restaurativo em vários outras cidades do interior de São Paulo.
A atenção a José Correa da Silva o âmbito dos estudos culturais e musicológicos remonta à década de 1960 a partir das relações que com ele mantinha Andrelino Vieira, músico, compositor e mestre proveniente de Santana do Parnaíba, professor de Canto Orfeônico e diretor do Conservatório Musical Oswaldo Cruz de São Paulo e, anteriormente, do Conservatório Piratininga.
Também procedente da tradição musical da região de atuação de José Correa da Silva e mantendo relações com músicos de banda e de igreja de São Paulo e de outras cidades do interior, Andrelino Vieira possuía sob vários aspectos afinidades com José Correa da Silva. Este, a partir de suas atividades no Seminário de Pirapora, relacionava-se estreitamente com religiosos e músicos da matriz de Santana do Parnaíba, empenhando-se que também nela se seguissem os preceitos da legislação sacro-musical, em particular do Motu Proprio de Pio X (1835-1914) de 1903. Tornou-se principal agente da difusão de repertório e de práticas do Seminário Central de São Paulo em Santana do Parnaíba, entre outras de obras de Furio Franceschini.
Esses estreitos elos entre Pirapora e Santa do Parnaíba expressam-se nas composições que José Correa da Silva escreveu para a matriz de Santana. Dessa sua produção musical salienta-se o Proprium da Missa de Santa Ana, que desde 1933 passou a ser entoado nas festas da padroeira de Santana do Parnaíba. Anualmente celebradas a 16 de julho, sendo precedidas por novenas, essa festa tornou-se uma das mais importantes da região, marcando a cultura do médio Tietê, sendo porém suplantada no seu significado supra-regional por aquela do Bom Jesus de Pirapora e suas novenas, celebradas em fins de julho e início de agosto.
A veneração de Santa Ana, a mãe de Maria, a partir da qual o seu culto adquire sobretudo o seu extraordinário significado, revela a intensidade do marianismo na região, o que se reflete também na produção religiosa de José Correa da Silva e na vida religiosa e musical do Seminário. Correspondendo ao Seminário Central de São Paulo, devotado a Nossa Senhora Aparecida, a imaculada conceição de Maria, - nascida sem pecado original como dogmatizado por Pius IX (1792-1878) -, desempenhou papel de fundamental importância no ensino e na formação de seminaristas em Pirapora.
O significado da veneração de Maria evidencia-se sobretudo nas várias composições do Ave Maria em cidades da região, como Cabreúva, local de nascimento de Erotides de Campos (1895-1945), compositor do Ave Maria que adquiriu projeção nacional. Para além de dedicar-se também como compositor a essa oração, José Correa da Silva escreveu ladainhas e outras obras voltadas à veneração de Maria, salientando-se aquelas do Rosário.
A prática do rosário e o culto de Nossa Senhora do Rosário foi do mais alto significado em localidades e nas zonas rurais da região, remontando, como em outros contextos do Brasil, aos primeiros séculos, quanto foram fomentados pelos portugueses na catequese, sobretudo de africanos. Essa tradição foi intensificada e a sua prática promovida em todos os grupos sociais pelo Papa Leão XIII (1810-1903) desde fins da década de 1880, o que então sobretudo determinou a intensidade da veneração do rosário no Seminário de Pirapora e a sua expressão na produção sacro-musical de José Correa da Silva.
Os estudos puderam contar com conhecimentos obtidos da tradição oral e da memória de luso-brasileiros que há décadas participavam das romarias e festas do Bom Jesus em Pirapora. A veneração do Bom Jesus foi de alto significado para a comunidade portuguesa e luso-brasileira de São Paulo. Esses conhecimentos foram aprofundados através do convívio com Edgard Arantes Franco, cantor, professor de canto e pesquisador que, com cantores por ele dirigidos, era responsável pela música sacra em várias irmandades paulistas, tanto de círculos de ascendência africana da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, como lusitana de igrejas como a de Nossa Senhora de Fátima ou de açorianos da igreja do Espírito Santo.
Nessas participações, assim como em diálogos e observações, constatou-se o impacto causado pelas reformas que se seguiram ao Concílio Vaticano II no Seminário Menor de Pirapora, assim como na vida e nas atuações de José Correia da Silva. Este via a sua obra de vida ruir com a supressão de composições com texto em latim e de práticas de execução corais, do falso bordão e do organum, com o abandono do repertório anterior ao Concílio e a inutilização do acervo de partituras. Via com incompreensão as cruciais mudanças na vida da instituição e mesmo o crescente abandono do edifício.
Edgard Arantes, que não só era cantor e regente responsável pela música sacra de irmandades como também folclorista, dedicava atenção à tradição sacro-musical nessa época de reformas e às expressões festivas tradicionais de Pirapora e da região. Salientava os estreitos elos e interações entre a esfera da música sacra e aquela das tradições populares dos festejos, à música de banda presente em marchas de procissão e retretas com os seus regentes e participantes marcados por profunda religiosidade, assim como de sessões de música, danças, batuques e samba. O próprio Juca Bolinho era um exemplo dessas interações entre esferas.
Interações do erudito e popular e metodologia
Essas reflexões muito contribuíram à tomada de consciência da necessidade de revisões de perspectivas e procedimentos nos estudos culturais e musicais em meados da década de 1960. Reconheceu-se que a categorização de esferas como objeto de estudos, do erudito, do folclórico e do popular que determinava a divisão de matérias como da história da música e do folclore devia ser questionada. A atenção devia ser dirigida a processos transpassadores de delimitações em procedimentos interdisciplinares.
Esse direcionamento da atenção correspondia a uma mudança de modos de perceber e analisar realidades, implicando em mudança de mentes e atitudes. Essa superação de um pensar em compartimentos, em gavetas e a sua propagação tornou-se escopo do movimento Nova Difusão e do seu Centro de Pesquisas em Musicologia, oficializado como sociedade em 1968.
A consideração de Pirapora nos estudos de folclore, liderados estes por Rossini Tavares de Lima (1915-1987) à frente do Museu de Artes e Técnicas Populares (Folclore), relacionou-se com a sua atuação como inspetor do conservatório que sediou o Centro de Pesquisas em Musicologia da sociedade Nova Difusão.
Esses estudos tiveram continuidade em nível superior na Faculdade de Música e Educação Musical do Instituto Musical de São Paulo, sendo as expressões culturais da festa do Bom Jesus, o Seminário de Pirapora e José Correa da Silva considerados tanto na área da Etnomusicologia a partir de 1972 como sob o aspecto histórico no Centro de Pesquisas Histórico-Musicais então criado.
O interesse por José Correa da Silva nos estudos musicológicos em cooperações internacionais a partir de 1975 decorreu do fato de Juca Bolinho surgir como particularmente significativo sob a perspectiva do escopo do projeto brasileiro de contribuir ao desenvolvimento de uma musicologia orientada segundo processos culturais.
Como músico atuante no Seminário de Pirapora e pelo seu empenho pela música sacra no centro de romarias ao Bom Jesus e na região do Médio Tietê na primeira metade do século XX, José Correa da Silvaveio ao encontro do interesse por questões concernentes à música sacra em 1974, ano do centenário da escola de música sacra de Ratisbona, principal centro do Cecilianismo, assim como, em 1975, pela passagem dos 450 anos de Palestrina .A atenção dirigia-se não só ao século XVI, mas à permanência através dos séculos de concepções e práticas composicionais referenciadas segundo Palestrina e normas tridentinas, do stilo antico e, sobretudo, do movimento restaurativo orientado segundo um estilo palestriniano no século XIX e suas extensões no XX.
Esse movimento restaurativo, cuja expressão maior foi o Cecilianismo, passou a ser criticado como expressão eurocêntrica. O Cecilianismo do século XIX transportou para países extra-europeus concepções, visões históricas, práticas e linguagem musical que deviam ser questionadas em época de intentos renovadores dos anos pós-conciliares.
Juca Bolinho copiou e arranjou em Jundiaí obras de renomados representantes do Cecilianismo, entre elas a Missa Tertia de Michael Haller (1840-1915) para duas vozes e órgão (harmônio), da qual possuia uma edição original de 1910 (Bruxelas: Schott Frères). Esta composição, como outras obras de Haller, passou a fazer parte do repertório do Seminário Menor de Pirapora e da igreja de Santana do Parnaíba.
Juca Bolinho foi compositor de motetos em stilo antico, como aqueles que passaram a fazer parte das tradições de procissões de Semana Santa de Pirapora e Cabreúva. Foi autor de várias harmonizações de canto gregoriano em falso bordão e em estilo organal praticadas no Seminário e em igrejas da região.
José Correa da Silva despertou particular interesse nas reflexões etnomusicológicas pelas suas origens étnicas e sociais, assim como pela sua atuação no contexto da devoção do Bom Jesus e de suas romarias e festejos, danças e práticas instrumentais tradicionais, em particular do samba nas suas expressões regionais. No âmbito do projeto voltado às culturas musicais da América Latina no Século XIX então em andamento, o seu nome foi lembrado por exemplificar, no sentido do da orientação do projeto brasileiro, a interação de esferas do erudito e do popular.
A consideração de José Correa da Silva trouxe sobretudo à consciência o significado da recepção de concepções do movimento restaurativo litúrgico-musical por círculos sociais mais humildes da população. Essa constatação de desenvolvimentos contrariava sob muitos aspectos visões históricas da difusão do movimento restaurativo. Trazia à consciência as consequências da atuação educativa de ordens religiosas. A intensa religiosidade e a obediência à autoridade eclesiástica de devotos de comunidades menos privilegiadas, sobretudo de grupos étnicos de ascendência africana ou indígena que, no passado, foram marcados culturalmente pelas intensas atividades missionárias, podiam explicar a recepção dos anelos restaurativos.
José Correa da Silva, assim como outros músicos de liderança em comunidades sociais mais modestas como Veríssimo Augusto Glória e Benedito de Moraes, também estes sempre presentes nas festas do Bom Jesus, eram extremamente conservadores na sua orientação religiosa, marcados por princípios de lealdade perante a autoridade, respeitando preceitos da legislação litúrgico-musical e normas de conduta eclesiástica. Neste conservadorismo, foram agentes de um processo restaurativo da vida religiosa, de combate ao indiferentismo, de recuperação ou intensificação da vida religiosa da sociedade em reação a processos de secularização que acompanharam desenvolvimentos econômicos, da vida de trabalho e social do século XIX, em particular em regiões de expansão agrícola como o interior de São Paulo.
O processo restaurador eclesiástico, reacionário na sua orientação reativa perante desenvolvimentos da sociedade, explicitamente anti-modernista como salientado no Concílio Vaticano I, teve em músicos de modestas origens sociais como José Correia da Silva importantes esteios. Essas constatações abriram novas perspectivas para a discussão crítica do movimento restaurativo do século XIX no âmbito dos intentos de reconsideração desse século na musicologia européia da década de 1970. A recepção, assimilação e as consequências da difusão de intentos restauradores eclesiásticos passaram a ser consideradas a partir do condicionamento cultural de grupos sociais remontante á ação missionária de séculos mais remotos e que determinaram identificações e princípios de lealdade. .
Essas reflexões foram discutidas em colóquios de musicólogos e doutorandos que acompanharam a realização de tese de doutoramento defendida em 1979. Esses estudos motivaram, suscitaram e fundamentaram a realização do Simpósio Internacional Música Sacra e Cultura Brasileira realizada em São Paulo em 1981, no âmbito do qual fundou-se a Sociedade Brasileira de Musicologia.Com a fundação do Instituto de Estudos da Cultura Musical do Mundo de Língua Portuguesa (ISMPS) em 1985, os estudos passaram considerar com maior atenção o movimento restauracionista da Igreja e da função de músicos e devotos de meios sociais mais modestos na sua implantação em contextos de países e comunidades de língua portuguesa.
Este texto é extraido da publicação
Antonio Alexandre Bispo. Pedro II 200 Anos. Música em estudos euro-brasileiros do século XIX. Gummersbach: Akademie Brasil-Europa & Institut für Studien der Musikkultur des portugiesischen Sprachraumes e.V.
416 páginas. Ilustrações. (Série Anais Brasil-Europa de Ciências Culturais)
Impressão e distribuição: tredition. Ahrensberg, 225.
ISBN 978-3-384-68111-9
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