Dom Pedro II. Neg. von Braum. Clément & Cia. Paris. Therese Prinzessin von Bayern. Meine Reise in den brasilianischen Tropen. Berlin 1897

BRASIL-EUROPA

REFERENCIAL DE ANÁLISES CULTURAIS DE CONDUÇÃO MUSICOLÓGICA

EM CONTEXTOS, CONEXÕES, RELAÇÕES E PROCESSOS GLOBAIS


 
MARCOS  PORTUGAL

1762-1830

ARTAXERXES

 



PROGRAMA

BICENTENÁRIO DE D. PEDRO II
1825-2025

Parte de larineta da Abertura Artarxes de Marcos A. F. Portugal. Manscrito do vale do Paraiba, levantado na década de 1960 por A.A.Bispo. Acervo A.A.Bispo. Copyright

Antonio Alexandre Bispo


Marcos António da Fonseca Portugal (1762-1830) foi um dos compositores considerados com atenção desde a década de 1960 em São Paulo. Os estudos tiveram continuidade em cooperações internacionais a partir de 1974 no âmbito de projeto elaborado no Brasil e desenvolvido em centros de estudos musicológicos europeus. Nos estudos referentes ao século XIX, que ganham em atualidade por ocasião do bicentenário de Dom Pedro II em 2025, não se pode deixar de considerar Marcos Portugal. Alguns aspectos dos trabalhos desenvolvidos nos últimos 50 anos devem ser assim recapitulados.


Tendo nascido em Portugal, alcançado renome internacional na sua época, atuado e falecido no Brasil, Marcos Portugal é personalidade que exige er considerada com particular atenção em estudos de contextos e processos que ultrapassam fronteiras, em particular daqueles referentes a Portugal e ao Brasil.


Significado


Marcos Portugal foi  o compositor de maior projeção internacional de Portugal e a mais importante personalidade da vida musical européia que atuou e faleceu no Brasil nas primeiras décadas do século XIX. A sua vida decorreu em época de cruciais mudanças político-culturais. Foi uma época crítica da história eclesiástica. Estudos de Marcos Portugal que atentem à sua inserção em contextos político-culturais são indispensáveis para Portugal e o Brasil assim como, em geral, para uma História da Música que considere processos em dimensões globais. Marcos Portugal não foi por longo tempo considerado à altura e de forma adequada na literatura de ambos os países, levantando questões de contextualização de posições e perspectivas historiográficas.


Traços sinópticos: formação e projeção


Marcos Portugal recebeu formação no Seminário da Patriarcal, estudando órgão e canto com João de Sousa Carvalho (1745-1798), um dos maiores vultos da música portuguesa. A partir de 1783, tornou-se organista e compositor no seminário. Foi membro da Irmandade de Santa Cecília, confraria de músicos de Lisboa, instituição de representação e apoio de classe de alto significado na vida musical portuguesa e que teria repercussões na correspondente irmandade no Rio de Janeiro.


As suas atividades e obras no âmbito da música sacra constituíram o principal motivo de seus elos com a Casa Real portuguesa, o que se manifestou nas suas muitas composições escritas para igrejas sob especial patrocínio real.  Na esfera profana, um marco na sua ascensão foi a sua nomeação como regente do teatro do Salitre em Lisboa. Para esse teatro, escreveu várias composições, farças e intermezzi.


Decisiva para a sua carreira internacional foi a sua ida a Nápoles, onde aprofundou a sua formação e desenvolveu uma intensa atividade criadora. A sua ópera bufa La convulsione della somiglianza alcançou sucesso, abrindo caminho para várias outras óperas bufas e forças, representadas em várias cidades da Itália e de outros países da Europa. 


A projeção internacional de Marcos Portugal foi devida sobretudo aos sucessos de sua produção de cunho ligeiro e cômico. A sua posição em Lisboa foi determinada pela sua nomeação a diretor do Teatro Nacional de São Carlos, em 1800. Atuou nesse cargo entre 1803 e 1807 como responsável pela ópera séria ao lado de Valentino Fioravanti (1764-1837), personalidade de relêvo da escola napolitana, responsável pela ópera bufa. Os seus elos com a Casa Real continuaram a basear-se no seu renome na esfera da música sacra. Escreveu várias obras sacro-musicais para a igreja de Mafra, com os seus seis órgãos, para onde o Príncipe Regente - mais tarde rei Dom João VI (1767-1826) - transferira a Corte.


Marcos Portugal não seguiu de início a família real na sua ida ao Brasil quando da invasão de Lisboa pelas tropas bonapartistas em fins de 1807. Uma versão da sua ópera Demofoonte, já apresentada em Milão em 1797, foi executada por ocasião do aniversário de Napoleão, o que poderia ter prejudicado a sua imagem em Portugal. 


No Rio de Janeiro, Marcos Portugal desempenhou desde a sua chegada papel de alta relevância e influência na vida musical. Entre outros cargos, foi nomeado mestre de música dos príncipes e princesas reais, uma função que não pode ser subestimada por ter formado personalidades que exerceram papel relevante em desenvolvimentos que se seguiram. Obras suas foram executadas em ocasiões que marcaram a história política, sobretudo sob Dom João VI à época do Reino Unido Portugal, Brasil e Algarves. 


O seu posicionamento em época de tensões entre aqueles que pretendiam a restauração de regime absolutista e aqueles que se empenhavam pela constitucionalidade não tem sido sempre suficientemente considerado e valorizado. Não se pode esquecer que quando do retorno da família real a Portugal, Marcos Portugal permaneceu no Brasil. Escreveu, entre outras obras, o hino que foi durante décadas cantado como hino da Independência. 


O fato de ter ficado no Brasil, onde veio a falecer, assim como o seu irmão Simão Portugal, por longo tempo mestre da Capela Imperial, deveria ter sido mais reconhecido na historiografia brasileira, o que tem sido frequentemente salientado nos estudos desenvolvidos nas últimas décadas.. Marcos Portugal insere-se em processos de extraordinária relevância tanto para estudos portugueses como brasileiros. A reconsideração de sua imagem e a análise do papel que desempenhou é uma exigência para estudos voltados a processos tanto para Portugal como para o Brasil.


Desenvolvimento dos estudos


Os estudos de Marcos Portugal desenvolvidos a partir da década 1960 em São Paulo foram marcados por reflexões a respeito de sua imagem na historiografia. Embora mencionado na literatura musical e em cursos de História da Música, os textos ofereciam uma visão negativa de sua personalidade, de seu caráter e procedimentos, pouco considerando mais propriamente a sua obra. O quadro neles oferecido era marcado por um contraste entre a arrogância, vaidade e inveja do compositor português  e as qualidades pessoais do brasileiro Pe. José Maurício Nunes Garcia (1767-1830), humilde e de cor, porém de inigualável talento, como reconhecido por Sigismund Neukomm (1778-1858). 


A passagem do centenário de nascimento de Marcos Portugal em 1962 não deixou de ser registrada por historiadores da música, despertando a necessidade de estudos mais aprofundados no contexto político-cultural de sua época. Os elos com centros musicais italianos na sua formação e carreira passaram a ser considerados em particular em círculos ítalo-brasileiros, entre outros no Conservatório Carlos Gomes, antiga Sociedade Benedetto Marcello, então em fase de implantação de cursos superiores. 


O lançamento da série de discos Música na Côrte Brasileira em 1965 acentuou o interesse por Marcos Portugal.  Nele registraram-se execuções da Abertura n° 16 e o Hino para a Aclamação de D. João VI em 1816 pelo Collegium Musicum da Rádio MEC, Orquestra Sinfônica Nacional da Rádio MEC sob a regência de Alceo Bocchino (Volume 2: Na Côrte de D. João VI), com comentários de José Mozart de Araújo (1904-1988), assim como a ária/modinha Cuidados, Tristes Cuidados (V. 3: Na Côrte de D. Pedro I), com comentários de José Cândido de Andrade Muricy (1895-1984) e a Abertura e o Dueto Rosina e Pierotto da ópera O Basculho (A Ópera no Antigo Teatro Imperial), com comentários de Helza Cameu (1903-1995). 


Essas gravações e os respectivos comentários, em distância crítica como os de Mozart de Araújo (1904-1988) e antes valorizadores de Andrade Muricy (1895-1984) e Helza Cameu (1903-1995) constituíram desde então ponto de partida para o tratamento de Marcos Portugal em estudos e reflexões no âmbito do movimento Nova Difusão e do seu Centro de Pesquisas em Musicologia. Neles reconheceu-se a necessidade de estudos mais aprofundados de sua vida e obra a partir de fontes no contexto político-cultural de sua época, como também de revisão crítica de perspectivas e posições na pesquisa que marcaram negativamente a sua imagem. 


A reavalização de sua obra e posição em panoramas histórico-musicais passou a ser uma das preocupações que marcariam desenvolvimentos. Essa preocupação vinha ao encontro de anelos generalizados pela revisão e renovação de perspectivas através do direcionamento da atenção a processos e suas interações.


Problemas de imagens e valorações


Um dos principais focos de atenção residiu assim sobretudo na imagem negativa de Marcos Portugal em paralelos com aquela de Pe.José Maurício Nunes Garcia. Enquanto este sempre foi celebrado como um dos principais vultos da história da música no Brasil, Marcos Portugal era retratado negativamente em colocações e insinuações concernentes a seu caráter e comportamento. Não se tratava apenas da questão de possíveis injustiças na avaliação da personalidade e da obra de Marcos Portugal. A problemática tinha dimensões mais amplas, uma vez que dizia respeito à própria objetividade da pesquisa e à adequada consideração de contextos e processos em contextos globais sem valorações determinadas por ideários nacionalistas, de concepções sacro-musicais ou simpatias por parte de pesquisadores. Apreciações desapreciadoras da escola napolitana como aquelas de Mozart de Araújo revelavam a necessidade de maiores diferenciações. 


Essa problemática foi discutida em encontros realizados em 1968 em São Paulo com a participação e.o. de Cleofe Person de Mattos (1913-2002) e Rossini Tavares de Lima (1915-1987), pesquisador cultural que também se dedicara a estudos de José Maurício. 


A questão Marcos Portugal/José Maurício assumiu extraordinária brisância, uma vez que implicava em reconsiderações de José Maurício e sua obra, um dos mais celebrados vultos da história da música no Brasil. De um lado tinha-se um compositor que, embora tenha também se dedicado à música sacra, pertencia antes à esfera secular, festejado pelas suas obras cômicas, professor de D. Pedro, o herói da Independência, futuro D. Pedro IV de Portugal, e de outro um padre admirado por Sigismund von Neukomm (1778-1858), um dos principais representantes da Restauração, um músico-diplomata que atuou no processo que lwcou ao retorno dos Bourbons ao trono da França. 


Essas reflexões trouxeram à consciência que Marcos Portugal constituía um caso exemplar da necessidade de um direcionamento da atenção à música na sua inserção em processos político-culturais. Tomou-se consciência que, ao contrário de Marcos Portugal, a obra de José Maurício sempre foi acatada e mesmo valorizada sobretudo por músicos e pesquisadores marcados por ideários e visões do movimento restaurativo da música sacra. 


Os estudos desenvolvidos no Centro de Pesquisas em Musicologia foram acompanhados pela procura e pela consulta de obras de Marcos Portugal em arquivos e acervos particulares, procurando-se traçar caminhos da difusão de suas obras através de exames de repertórios em cidades do interior de São Paulo e de outros estados. Entre as fontes levantadas, a abertura da sua ópera Artaxerxes, pertencente ao repertório de cidades do vale do Paraíba despertou particular atenção por ser designada como "Ouverture Portugueza".


Artarxerxes - "Ouverture Portuguesa" 


A ópera Ataxerxes de Marcos Portugal foi uma das suas composições que mereceram maior atenção nos estudos desenvolvidos no Brasil desde a década de 1960 e que tiveram prosseguimento em âmbito internacional. . 


Nesses intentos, foi do maior significado os dados oferecidos por Ayres de Andrade com a publicação de seus fundamentais estudos em 1967. A ópera Artarxerxes foi levada à cena no Teatro Régio do Rio de Janeiro, no dia 17 de dezembro de 1812. No libreto, registra-se que Artaserse, dramma serio per música, foi representado no Teatro da Corte do Rio de Janeiro por ocasião da celebração do dia de aniversário da rainha Dona. Maria I (1734-1816). Já no ano anterior, o seu aniversário tinha sido celebrado com uma ópera de Marcos Portugal: L’oro non compra amore, dramma giocoso per musica. O libreto, citado por Ayres de Andrade, inclui os nomes dos personagens e intérpretes, incluindo descrição da dança que encerrava a representação, um bailado sério, pantomímico, de título Apolo e Dafne, criado pelo coreógrafo e bailarino Louis Lacombe. (Francisco Manuel da Silva e seu tempo: 1808-1865: uma fase do passado musical do Rio de Janeiro à luz de novos documentos, Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro 1967, I, capítulo V, págs. 70-71).


A ópera de Marcos Portugal inseriu-se em longa tradição marcada pelo interesse pelo vulto de Ataxerxes, soberano da antiga da Pérsia, mencionado também  no Velho Testamento (Esr 4,7 ss.; livro Nehemia). O enredo passa-se em Susa, capital do Império Persa, em 485 A.C.. Foi assunto de um libreto de Pietro Metastasio (1698-1782), tornando-se um dos textos mais difundidos da história da ópera. Foi tratado musicalmente por Leonardo Vinci (1609-1730) em obra apresentada em 1730 no Teatro delle Dame em Roma e, a seguir, por outros compositores no século XVIII. A ópera de Marcos Portugal foi levada em 1806 no Teatro São Carlos em Lisboa. Foi encenada em 1810 no Teatro della Pergola em Florença, ou sejam pouco antes da sua apresentação no Rio de Janeiro. Posteriormente, foi encenada no carnaval de 1817 no Teatro Ducale em Parma.


Atualidade na época: delegação persa no Rio de Janeiro


O interesse pela temática no Rio de Janeiro pode explicar-se pela passagem da delegação do emissário persa Mirza Abū'l-Ḥasan Khan Šīrāzī em 1810 que, vindo de Londres em viagem de retorno à Pérsia, esteve na Corte portuguesa no Brasil. 


A imagem de Ataxerxes nas suas associações com soberanos


A difusão do libreto de Metastasio no século XVIII - uma de suas mais difundidas obras - suscita porém reflexões sobre outros fatores que  explicam o interesse que despertou e a sua popularidade. Ataxerxes, com a sua imagem de soberano benevolente, justiceiro, esclarecido e tolerante em questões religiosas, possibilitava ser visto como referencial emblemático para detentores de poder, que se viam representados alegoricamente em representações. 


A designação "Ouverture Portuguesa" motiva reflexões sobre associações entre a imagem de Ataxerxes com Dom João VI, cujo Hino da Aclamação foi escrito por Marcos Portugal. A obra adquire neste sentido um cunho emblemático para o Reino Unido Portugal, Brasil e Algarves


Difusão da abertura de Ataxerxes no Brasil


A abertura da ópera Ataxerxes de Marcos Portugal foi difundida em outras cidades do Brasil já nas primeiras décadas do século XIX, como os manuscritos provenientes do repertório de orquestras de cidades do vale do Paraíba em São Paulo e da região do São Francisco o comprovaram. Como outras obras provindas do Rio de Janeiro, vieram para São Paulo através do porto de Parati


As considerações sobre Artaxerxes no contexto histórico-político brasileiro foram marcadas pela atenção ao liberalismo nas suas relações com a cultura e a música nas suas tensões contra o restauracionismo político anti-constitucional e eclesiástico do século XIX. Essas reflexões tiveram consequências também para o estudo de processos relacionados com a música sacra. Dirigiram a atenção à esfera pouco considerada na pesquisa marcada pela permanência de repertórios e de concepções da música coro-orquestral em tradição remontante ao século do Esclarecimento, combatida pelo movimento restaurador.


Estudos e encontros luso-brasileiros em Portugal 1974


Marcos Portugal foi um dos compositores considerados no primeiro ciclo luso-brasileiro de estudos culturais e musicológicos luso-brasileiros realizado em Portugal em janeiro/fevereiro de 1974. 


A abertura de Artaxerxes, por ser designada nas cópias manuscritas levantadas no Brasil como Ouverture Portuguesa ofereceu-se como emblema de  uma nova fase dos estudos músico-culturais em relações Portugal/Brasil. Os estudos tiveram como imagem condutora Artaxerxes, que passou a ser considerada nos seus fundamentos, sentidos e recepções sob diferentes aspectos.


Esse ciclo de estudos luso-brasileiros foi promovido pela Faculdade de Música e Educação Musical do Instituto Musical de São Paulo, realizando-se com o apoio de instâncias oficiais e várias instituições do Brasil e de Portugal. Nele pretendeu-se observar a situação e as tendências do pensamento, da pesquisa e do ensino em Portugal em fase crítica de sua história política e sócio-cultural, atualizar conhecimentos, renovar e intensificar contatos, apresentar e discutir resultados de pesquisas realizadas no Brasil e também concernentes a Portugal. 


Pretendia-se lançar bases para cooperações futuras no desenvolvimento de uma musicologia de orientação teórico-cultural elaborada no Brasil. Essa orientação tinha sido resultado de reflexões encetadas em meados da década de 1960 sobre a necessidade de renovação dos estudos musicais e culturais. O direcionamento da atenção a processos ultrapassadores de fronteiras, separações e delimitações sob diferentes aspectos devia contribuir ao desenvolvimento de uma musicologia em contextos globais.


Nesse ciclo de estudos luso-brasileiros em Portugal, a situação de tensões, guerras de independência nas antigas colonias e cruciais mudanças que se anunciavam, aguçou a sensibilidade para a consideração de processos político-culturais também cruciais das primeiras décadas do século XIX e que levou ao extraordinário fato de transferência da Corte de uma nação européia ao Brasil. Somente uma perspectiva voltada a processos em contextos globais pode permitir uma consideração adequada da personalidade e da obra de Marcos Portugal. 


Estudos de Marcos Portugal na Alemanha e na Itália


O projeto de desenvolvimento de uma musicologia orientada segundo processos em contextos globais iniciado na Alemanha em 1974 foi sediado no Instituto de Musicologia da Universidade de Colonia. Os estudos foram realizados em colaborações com o Instituto Português-Brasileiro da Universidade e outras instituições, bibliotecas e arquivos de Portugal, do Brasil e de outros países, em particular da Itália. No Instituto de Musicologia atuavam musicólogos portugueses e os trabalhos puderam contar com a orientação de professores alemães que se destacavam nos estudos musicológicos sul-europeus e que procuravam intensificar cooperações com pesquisadores dos países ibéricos e da Itália. Em andamento encontrava-se a edição de um volume sobre as culturas musicais na América Latina do século XIX com a colaboração de vários pesquisadores latino-americanos. Já em março de 1975 realizou-se um primeiro ciclo de estudos na Itália, sendo Marcos Portugal um dos temas considerados.


Desenvolvimentos subsequentes


Marcos Portugal e sua recepção no Brasil foi assunto considerado em colóquios de doutorandos que precederam defesa de tese em 1979, focalizando-se em particular São Paulo. Essas reflexões suscitaram e fundamentaram a realização do I° Simpósio Internacional Música Sacra e Cultura Brasileira realizado em São Paulo, em 1981, no âmbito do qual fundou-se a Sociedade Brasileira de Musicologia.No primeiro Fórum Alemanha-Brasil de Música e Educação Musical de 1982, Marcos Portugal foi considerado em encontros com o romanista Thomas Freund (1958-2019), dedicado a estudos do Iluminismo em Portugal.


Marcos Portugal continuou a ser considerado nos seus paralelos contrastantes quanto a inserções em processos político-culturais com o Pe. José Maurício Nunes Garcia e Sigismund von Neukomm em projetos e encontros dedicados a essas duas personalidades, entre outros no Fórum de Música Austríaco-Alemão em 1984, na fundação do Instituto de Estudos da Cultura Musical do Mundo de Língua Portuguesa no Ano Europeu da Música em 1985 e em cursos e seminários conduzidos a partir de 1997 nas universidades de Colonia e Bonn. Os trabalhos referentes a Marcos Portugal foram desenvolvidos em estreitos relacionamentos com o estudos do Teatro São Carlos de Lisboa e da música no século XIX em Portugal de Manuel Ivo Cruz (1901-1985).

 

Marcos Portugal foi lembrado no Congresso Internacional Música e Visões de abertura doa eventos musicológcios pelos 500 anos do Descobrimento do Brasil em 1999, nos eventos que se seguiram referentes ao Brasil e a Portugal na Pesquisa Musical nas universidades de Colonia e Bonn, No âmbito do Colóquio Internacional Dimensões Européias da Música de Portugal, realizado pela nomeação do Porto como capital européia da cultura em 2001, o estado atual das pesquisas de Marcos Portugal foi tratado pelo pesquisador brasileiro Rodrigo Coulon formado no Conservatório de Parma e que desenvolvera trabalho a partir das obras manuscritas de Marcos Portugal ali conservadas. Os resultados de suas pesquisas foram considerados pelos pesquisadores portugueses, brasileiros, italianos e alemães participantes dos debates. A sua conferência abriu novas perspectivas e deu impulsos para os estudos de Marcos Portugal que desde então vêm sendo desde então desenvolvidos.

D. Pedro II. Kaiser von Brasilien. Phot. Melsenbach Riffarth München. V. Braun Clément, Paris. Da obra: Therese Prinzessin von Bayern, Meine Reisen on den Brasilianischen Tropen. Berlin D. Reimer (Erst Vohsen) 1897.

Este texto é extraido da publicação

Antonio Alexandre Bispo. Pedro II 200 Anos. Música em estudos euro-brasileiros do século XIX. Gummersbach: Akademie Brasil-Europa & Institut für Studien der Musikkultur des portugiesischen Sprachraumes e.V.
416 páginas. Ilustrações. (Série Anais Brasil-Europa de Ciências Culturais)
Impressão e distribuição: tredition. Ahrensberg, 225.


ISBN 978-3-384-68111-9


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Pedro II Kaiser von Brasilien. Phot. Melsenbach Riffarth München. V. Braun Clément, Paris. Da obra: Therese Prinzessin von Bayern, Meine Reisen on den Brasilianischen Tropen. Berlin D. Reimer (Erst Vohsen) 1897.
Druck und Verteilung: Tredition. Ahrensberg